Pagar ou não pagar: os governos devem se “intrometer” nos ransomwares?
Líderes globais discutem a onda de sequestros de dados, que cada vez mais atinge infraestruturas críticas.
Um recente relatório de uma empresa de segurança cibernética mostrou que, ao mesmo tempo em que ataques com malwares “comuns” (trojans, keyloggers etc.) decaiu nos últimos meses, a incidência de ransomwares vem crescendo exponencialmente. Nesse cenário, temos casos de empresas de infraestruturas críticas e cadeias de suprimentos sendo paralisadas por esse tipo de código malicioso — até mesmo o setor hospitalar, já conturbado pela crise do novo coronavírus (SARS-CoV2), se vê como vítima.
Isto posto, líderes políticos já iniciam movimentações no sentido de criar legislações que ajudem a mitigar esse tipo de atividade criminosa. Nos Estados Unidos, quatro estados — Nova York, Carolina do Norte, Pensilvânia e Texas — já trabalham em propostas de lei que visam proibir o pagamento de resgate a ransomwares, como uma forma de sufocar esse mercado negro. A senadora Kristin Philips-Hill afirmou que “se os cibercriminosos forem recompensados por seus esforços, eles simplesmente continuarão a lançar ataques de ransomware”.
A recente reunião da cúpula do G7, ocorrida no Reino Unido, também jogou luz sobre o tema. Os líderes políticos das sete maiores economias no mundo fez um apelo para que “todos os países que identifiquem e interrompam urgentemente redes criminosas de ransomware operando em seus territórios, além de responsabilizar essas redes por suas ações”. Em especial, o grupo comentou sobre a Rússia, que muitos acreditam ser o berço da maioria das gangues especializadas nesse tipo de atividade.
Obviamente, o Brasil — que ainda caminha a passos lentos para a implementação da Lei Geral de Proteção de Dados — ainda não possui um debate nesse sentido. Contudo, levando em consideração as mais recentes vítimas nacionais de ransomwares, temos que concordar que esse tipo de legislação seria bem-vinda, especialmente quando falamos sobre alvos dentro da própria esfera governamental. Claro, as companhias também precisam estar prontas para lidar com tais incidentes, mas um incentivo público poderia, de fato, ajudar a reduzir os casos noticiados na imprensa.